Guerra - Como comunicar em segurança
Por Luís Silva - Repórter de imagem
Donbass - Ucrânia
Ainda sem motivos de reportagem, já há tanto para filmar…
As regras são bem claras e com tolerância zero: "é proibido violar as informações confidenciais", nomeadamente filmar postos de controlo ou locais estratégicos militares.
Conforme nos aproximamos do teatro de guerra, a noção de incerteza e de insegurança vai aumentando. " As Forças Armadas Ucranianas, não se responsabilizam pela sua vida ou saúde, enquanto estiver em zona de combate" foi uma frase muitas vezes ouvidas, sempre que passávamos um posto de controlo na linha da frente.
Chegamos ao cenário de guerra com dois objetivos:
Com o dever de informar e publicar todos os factos relevantes que testemunhamos, mas também de salvaguardar a nossa integridade física e mental.
Apesar de estarmos mentalizados, nunca estamos preparados para determinadas crueldades que presenciamos. São muitos os momentos assustadores e de horror, que nos fazem gelar, e que tornam qualquer ser humano impotente para proteger o próximo.
Ao mesmo tempo que tentamos proteger a nossa vida, em situações críticas, registamos em vídeo todos os momentos, sem filtros, assim como os sons que testemunham as situações, muitas vezes em pânico.
Temos de ter sempre uma certeza: estamos em situação de guerra, onde o perigo de vida está presente 24h/dia e isso NUNCA pode ser esquecido.
Na linha da frente, com a câmara ao ombro, avançamos a uma distância de cerca de 2 metros dos edifícios e sempre do lado contrario de onde estão a ser lançados os mísseis de ataque. Estes bombardeamentos são intensos e em períodos necessários para descarregarem o lança mísseis com 12 ou 24 bombas. É fundamental saber ler as inúmeras variáveis que vão surgindo, e em tempo recorde, porque há que saber recuar... não há imagem que valha uma vida.
A intensidade dos bombardeamentos ensina-nos a conhecer o som do míssil de ataque e o som das antiaéreas. Sempre que ouvimos um estrondo metálico, as atenções passam a focar-se no "assobio" provocado pelo míssil. Se for um som de aproximação, já é tarde para ir para os abrigos, mas ainda há tempo para REC... felizmente, a sorte esteve sempre do nosso lado.
Lysychansk / Bakhmut / SIC